António Ruas – Mongólia (1997)

No regresso de Portugal à aventura do Camel Trophy, após um interregno de 14 anos (desde a edição do Zaire), coube a António Ruas e a Miguel Repas representar as cores nacionais. Os filmes em VHS das edições anteriores, deixaram o António fascinado por estas provas e, ainda hoje, ele mantém contacto com o Todo-o-Terreno.

António Ruas - Mongólia (1997)

Qual foi o primeiro contacto que teve com o Camel Trophy?
O Camel Trophy sempre foi uma aventura vista por muitos de nós como uma experiência fantástica mas inacessível (até ao ano de 1996), excepto nas cassetes de VHS que se vendiam na altura, reportando estas espectaculares aventuras. Foi assim que comecei a ficar fascinado pelo CT.

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Quando é que surgiu o desejo de participar numa prova do Camel Trophy?
Em 1996, quando se começou a falar na possibilidade de Portugal vir a participar nesta aventura, fiquei logo de imediato à espera da oportunidade de concorrer, e mesmo nessa altura iniciei logo os meus treinos, conforme era visível em requisitos que podíamos ver nas cassetes dos filmes do CT.

Como decorreu o processo de selecção nacional, para apuramento dos participantes e suplentes?
As selecções decorreram em várias fases e ao longo de vários meses.

A primeira foi feita através de recursos informáticos, que de 5000 candidatos efectuava uma selecção, reduzindo assim para 500.

Depois, reduziu para 120 candidatos, através de contacto telefónico efectuado pela organização.

Após esta triagem, foi efectuada a primeira fase da selecção no terreno, na Lousã, tendo a organização como parceiros a especializada equipa de Pepe Villa.

Após as selecções da Lousã, 12 participantes ficaram apurados para passar a outra fase, que seria efectuada em Marrocos, junto a Marrakesh.

Por último, 4 participantes foram apurados para as selecções internacionais em Sevilha, onde estariam todas as equipas de vários países. Nesta fase eliminatória ficavam apurados os dois suplentes e os dois sortudos que após grande esforço e dedicação por um sonho, se tornava realidade.

Qual foi a sua reacção (e a dos seus familiares e amigos mais próximos) quando soube que ia representar Portugal no Camel Trophy?
Sem dúvida e como seria de esperar, após passar todas as fases de selecção e tendo ficado apurado entre tantos candidatos, foi grande satisfação. E surpresa também, porque participar neste evento era para muitos um grande sonho, que neste caso (para mim e para o Repas) se tinha tornado uma realidade espantosa, mas também de grande responsabilidade, por estar a participar num evento em representação de Portugal.

Por parte dos meus amigos e familiares, toda estas fases foram acompanhadas “online”, com grande satisfação e nervosismo.

Quais foram o melhor e o pior (ou mais difícil) momentos da prova em que participou?
Num evento desta dimensão e com a organização espectacular e experiente, não temos momentos bons e difíceis. O melhor é, sem dúvida, participar em toda a sua dimensão e variáveis. Os mais difíceis, são sem dúvida em certas provas onde não conseguimos mostrar o nossos melhor. Mas com a nossa falta de experiência em participações deste tipo de provas, tendo começado em 16º lugar e terminado em 9º foi para nós muito gratificante.

Qual é a recordação/memória mais marcante com que ficou?
Em memória, após uma experiência destas, ficam sempre marcadas as imagens espectaculares de Mongólia e da convivência com novos povos. Mas, sem dúvida, fiquei apaixonado pelas paisagens sem fim e liberdade que as mesmas nos fazem sentir ao cruzá-las de Norte a Sul.

No final da prova, toda a experiência de ter participado num Camel Trophy ficou acima ou abaixo das expectativas que tinha, na altura da inscrição?
A minha inscrição, até ao momento de iniciar o Camel Trophy de 97, foi feita baseada em imagens que nós tínhamos dos eventos anteriores, e as minhas expectativas estavam em paralelo com as mesmas. No entanto, este ano foi um virar de página na história do CT, tendo entrado alguns desportos novos no evento (bicicleta, orientação, canoagem). No entanto, no final, as minhas expectativas embora diferentes, tiveram um valor final equivalente ao esperado.   

Se houvesse outro Camel Trophy, voltava a inscrever-se e gostaria de participar?
Sim, sem dúvida que gostava de participar. Mas, agora, como fazendo parte da organização, para dar a vez a outro de participar num evento sem igual.

De todas as edições do Camel Trophy, qual foi a sua favorita? Porquê?
Kalimantan, foi para mim uma das melhores expedições do Camel Trophy, tanto pela causa como pelo evento em si.

Ainda mantém um contacto próximo com todos os “ingredientes” do Camel Trophy (Land Rover, Todo-o-Terreno, expedições, aventura, …)?
Neste momento, após mais de 20 anos, continuo a manter contacto com o mundo do Todo-o-Terreno, embora mais limitado por motivos profissionais e familiares.

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