PÚBLICO – 08/Jun/1995

Na edição de 8 de Junho de 1995 do jornal “PÚBLICO”, foi publicado um artigo sobre o final da edição do Camel Trophy Mundo Maya – 1995 e das aventuras/dificuldades por que passaram todos os participantes. Como é referido no artigo “movidos por uma força estranha: o espírito “Camel”. Difícil de entender, por mais que se pense que não passa de uma aventura, sem prémios ou qualquer outra recompensa que não o prazer de ter participado.“.

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PÚBLICO - 08/Jun/1995
PÚBLICO - 08/Jun/1995

“Camel Trophy — Mundo Maia 95”
“Grand finale”

Um monumental festival de pirotecnia, danças e cantares regionais dos países que acolheram a caravana do “Camel Trophy” e a consagração das equipas vencedoras da 16ª edição desta aventura expedicionária, subordinada ao tema “Mundo Maia”, constituirão a última etapa das 20 equipas participantes. Tudo enquadrado num cenário muito especial, montado no castelo de Xunantunich, uma das mais emblemáticas edificações da milenária civilização maia.

Tudo termina esta noite, em apoteose, com um enredo de som e luz muito próprio, de acordo com a temática escolhida. Só aí serão conhecidos os vencedores: classificação geral, espírito de equipa e provas especiais. Para serem aclamados, suportaram 16 dias de intenso trabalho, privados de sono, vergados pelo rigoroso clima tropical, mas movidos por uma força estranha: o espírito “Camel”. Difícil de entender, por mais que se pense que não passa de uma aventura, sem prémios ou qualquer outra recompensa que não o prazer de ter participado. Após um percurso de 1700 km, em coluna, por cinco países e oito fronteiras cruzadas, suportando as mais diversas adversidades, desde desidratações, perigosas picadas de insectos e répteis, desavenças com grupos de guerrilha regional e outros riscos inerentes a uma prova desta natureza, onde um conjunto de exigentes provas de destreza física e técnica estabelecem uma ordem natural de aptidões, as 20 equipas atingiram na quarta-feira o objectivo final. Resta-lhes completar o que de mais difícil se pode esperar do “Camel”: o derradeiro conjunto de provas especiais. Nove, ao todo, e de acrescida complexidade. Durante 30 horas, com intervalos de apenas 30 minutos entre cada uma delas, as 19 duplas — já não contando com a participação do conjunto suiço, devido à inferioridade física de um dos seus elementos — mostrarão o que valem, o que já está a acontecer desde a madrugada de ontem. Da “Ruta del Castillo” ao “Mopan Finale”, as tarefas são exigentes. Ou se procura aferir quanto à capacidade de orientação e de comunicação entre equipas, ou se volta a examinar os dotes de condução de cada um dos concorrentes, em terra ou na água.

Depois do volte-face na classificação geral, perdida a hegemonia da dupla polaca, agora com a companhia da formação grega, vigiada de perto pelos sul-africanos, adivinha-se grande luta até final.

Uma fortuita mas bem notada aparição, no Zaire, em 1983, ainda e lembrada na caravana. Elementos da organização recordaram ao PÚBLICO as presenças de Pedro Vilas Boas e de Manuel Pinto. E também já há quem adiante que num futuro muito próximo, talvez mesmo já em 1996, Portugal volte a erguer a sua bandeira num dos Land Rover que compõem a caravana. Ainda mais: fala-se mesmo que o norte do país possa vir a ser contemplado com as provas de selecção internacional. Vilar Formoso, assim consta em Xunantunich. O PÚBLICO apurou também que o mais certo é que a edição de 1996 venha a realizar-se na Indonésia. Com uma se dá, com outra se tira…

Do nosso enviado, Carlos Filipe em Xunantunich

(conteúdo publicado com autorização do jornal “PÚBLICO)

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