1997 – Mongolia

A 13 de Maio de 1997, e durante duas semanas, 20 equipas juntaram-se na Mongólia, para a 18ª edição do Camel Trophy. Muitas vezes apelidada de “Terra de contrastes” ou “Terra que o tempo esqueceu”, a Mongólia é ocupada a Sul pelo Deserto de Gobi, enquanto que a Norte e Oeste é montanhosa.

Mapa da área Mapa do percurso
 

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As Provas Internacionais de Selecção foram feitas em Sevilha, onde se apuraram os 40 participantes, divididos pelas 20 equipas.

Não foram, apenas, diferenças de terreno que os participantes tiveram de enfrentar. As variações extremas de temperatura, ao longo do percurso, também se fizeram sentir. No lago gelado de Khovsgol, a Norte, a temperatura chegou aos -12º ºC, enquanto que no Deserto de Gobi, no Sul, atingiu os 45ºC.

A rota desta edição levou os participantes ao longo de cerca de 2400km, percorrendo terreno pouco povoado. Apesar da área da Mongólia ser cerca de 3 vezes superior à da França, a sua população é de apenas 2.4 milhões de habitantes, resultando numa densidade populacional de cerca de 1.7/km2. No entanto, é necessário ter em conta que cerca de 25% da população habita na capital da Mongólia, Ulaan Baatar.


Os habitantes locais deram uma ajudaSó com esforço foi possível vencer a prova de kayak
Curva que levou ao primeiro veículo capotadoA vontade de vencer causou alguns excessos

Debaixo de chuva, a cerimónia de início desta edição deu-se na Praça Suhbaatar, na capital. Contou com a presença do Primeiro Ministro, Mendsaikhan Enkhsaikhan, que conduziu o primeiro Camel Trophy Discovery à saída do pódio, no centro da Praça.

Após a partida, as equipas deslocaram-se para a espantosa arena natural em Turtle Rock, para assistirem ao Naadam, também conhecido como Eriin Gurvan Naadam (algo como “três jogos masculinos”), que tem como eventos a luta livre mongol, corrida de cavalos e tiro com arco. Actualmente, as mulheres também participam em dois dos “três jogos masculinos”: tiro com arco e corrida de cavalos.

À noite, toda a comitiva do Camel Trophy (participantes, jornalistas e equipas de apoio) dormiu em gers, que são as tendas ou cabanas circulares usadas tradicionalmente pelos pastores mongóis. Puderam, assim, ter uma noite de descanso antes das provas do dia seguinte.

O jornalista independente Spencer Matthews descreveu esta edição como “transicional”. Afastava-se das expedições com lama abundante, como as duas anteriores (Kalimantan em 1996 e Mundo Maya em 1995), e passava a dar mais atenção às disciplinas competitivas, premiando os participantes que demonstrassem maior consistência.

Ao longo do percurso, as equipas puderam competir entre si em diversas modalidades: BTT, kayak, TT e orientação. Apesar do Land Rover Discovery ter tido um papel importante, e possuir ainda bastantes modificações, os modelos deste ano não tiveram tantas especificações de equipamentos e acessórios como as viaturas utilizadas anteriormente.

Neste ano, a preparação do Land Rover Discovery incluiu um novo modelo de grade de tejadilho, desenvolvida pela Safety Devices em conjunto com a Land Rover, de forma a possibilitar o transporte do kayak Perception de duas pessoas e duas bicicletas de montanha Lee Cougan.

Um novo esquema de cores, jantes de liga-leve Land Rover e pneus BF Goodrich Mud Terrain foram algumas das alterações feitas aos veículos, que provocaram um impacto considerável na aparência geral das viaturas. Também o vestuário dos participantes foi alterado, passando a ser mais colorido.

Ao contrário das edições anteriores, em 1997 não houve uma rota predefinida que os participantes tivessem de percorrer. Foram, apenas, indicadas as coordenadas GPS de cada um dos oito locais de provas, dando-se liberdade às equipas para escolherem o caminho a seguir.


Passagem de uma zona de águaA lama e as novas jantes de liga-leve utilizadas
Paisagem magnífica da MongóliaParticipantes e equipa de apoio

Dividindo-se em grupos com pelo menos 3 viaturas, os participantes puderam parar onde quiseram para conhecer os habitantes locais, apreciar a beleza natural do território e usufruir da hospitalidade do povo Mongol.

Após o segundo conjunto de provas, a equipa Austríaca conseguiu alcançar o 1º lugar, mantendo-o até ao final da edição. Outras equipas não foram tão afortunadas, como foi o caso da equipa Russa, que foi a primeira a capotar o seu Discovery durante a prova de condução, danificando o kayak transportado na grade de tejadilho.

Os Russos conseguiram reparar o seu kayak com fita, mas o mesmo não aconteceu com os Gregos, após capotarem o seu veículo e terem dado duas voltas e meia. Mas também os Ingleses capotaram o seu Discovery, quando se deslocavam para um dos locais de provas, em Erdene Bulgan.

Infelizmente, um dos elementos da equipa Suíça fracturou um osso durante a prova de BTT em Erdene Bulgan. Não podendo continuar em prova, foi substituído por um dos jornalistas Suíços presentes, que já tinha participado na edição de 1988 (que teve lugar no Sulawesi) do Camel Trophy.


Entrega de prémios

Durante o percurso, o Discovery da equipa Grega ficou atascado na região montanhosa de Hangai Nuruu. A equipa Turca e um dos Defender de suporte foram em seu auxílio, mas acabaram por ficar eles próprios atascados. Para piorar a situação, surgiu uma tempestade de neve, baixando a visibilidade para apenas alguns metros e a temperatura para -10ºC. A uma altura de 3 mil metros, estas equipas tiveram uma má noite de descanso, acordando cedo para continuarem as suas tentativas de libertação. Só após 13 horas de manobras conseguiram alcançar terreno sólido.

Esta edição terminou em Karakorum, que foi (apenas por um período de 30 anos) a antiga capital do Império Mongol, durante o século XIII.

Resumo da edição

Veículos dos participantes: Land Rover Discovery 300Tdi

Veículos de apoio: Land Rover Defender 110 300Tdi

Distância percorrida: mais de 1600km – sem rota predefinida

Equipas:

África do Sul – Brendon O’Leary / Johan Goosen
Alemanha – Thomas Bergreider / Caraten Stocker
Áustria – Stefan Auer / Albnecht Thousing (vencedores Camel Trophy)
Espanha – Jean Olive / Ignacio Roviralta
E.U.A. – Christopher Vannest / Douglas Mays
França – Jean-Jacques Andr / Philippe Rydin
Grécia – Nikos Kostopouios / Mike Argyris
Holanda – George Derksen / Aletta van Beeck
Ilhas Canárias – Antonio Esteve / Micael Lofgren
Itália – Piero Poli / Dennis Dalla Santa
Japão – Masuro Sato / Mayumi Ugajin
Marrocos – Abdouh el Glaoui / Anouar Debbagh Zrlouil
Portugal – Miguel Repas / António Ruas
Reino Unido – Karen McDonald / Trevor Smith
República Checa – Petr Stejskal / David Chaloupský
Roménia – Mihai Mares / Cornel Fanel Manu (Land Rover Award)
Rússia – Pavel Noulanzine / Vladimir Moisseev
Suécia – Rikard Beckman / Marie Hansen (Team Spirit Award)
Suíça – Matthais Kunz / Alan Durret/Loe Kalbermatten
Turquia – Timur Sagiou / Fuat Onoz

(conteúdo baseado em dados fornecidos por: Camel Trophy Owners Club, Wikipédia, CamelTrophy.es, Best4x4 Land Rover – Camel Trophy e António Ruas)

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