
Depois de explorarem as estepes da Mongólia, os participantes do Camel Trophy 1998 voltaram ao continente onde toda a aventura começou, 18 anos antes. Os países visitados foram, mais uma vez, o Chile e a Argentina.
A evolução do evento estava, por esta altura, terminada e as equipas participaram numa série de actividades que incluíram, pela primeira vez na história do Camel Trophy, desportos de Inverno.
Apesar do evento ter ganho a sua fama também à custa de trilhos difíceis, percorridos quase sempre sob um calor insuportável, em florestas onde o perigo da malária estava sempre presente, ou em desertos igualmente desafiantes, esta foi a primeira verdadeira edição de Inverno do Camel Trophy. Apesar da neve e das temperaturas baixas já terem surgido anteriormente no caminho dos participantes, durante esta edição as temperaturas chegaram a atingir os -30ºC, na Patagónia.
Para se apurarem os participantes finais desta edição, foram realizadas Provas Internacionais de selecção durante a Primavera fria do Norte da Suécia, que serviram de preparação para a neve e gelo do Chile e Argentina.
Durante dois dias de actividades, os participantes efectuaram uma série de exercícios, com o objectivo de se familiarizarem com todo o equipamento a utilizar durante o evento. Também foi proporcionado treino em navegação, primeiros socorros, comunicações, mecânica e sobrevivência.

Os três dias seguintes serviram para efectuar algumas provas, para avaliar os participantes. Condução em gelo (na superfície gelada do Lago Djupsjon), subidas e descidas de montanha nos trilhos de Trillevallen, descida de rápidos Nível 3 sob as cataratas de Ristafallet e BTT nos caminhos lamacentos de Favikens Egendom, foram algumas das provas executadas. O ponto alto da semana foi uma prova de slalom no gelo, durante a noite, com o objectivo de apurar a precisão, pontaria e capacidade de condução dos candidatos. Falta acrescentar que o percurso estava marcado, apenas, com velas.
As viaturas utilizadas nesta edição, pelos participantes, nunca tinham sido utilizadas em qualquer edição do Camel Trophy. Pela primeira vez, desde 1990, os participantes conduziram um novo veículo: o Freelander. O primeiro SUV da Land Rover precisava de mostrar as suas capacidades Todo-o-Terreno, sendo o Camel Trophy o palco ideal para o fazer.
Durante as provas de selecção, o Freelander tornou-se popular e provou ser capaz de enfrentar diversos tipos de terreno: lama, neve, gravilha e gelo. Com a superfície do Lago Djupsjon coberta com cerca de 90cm de gelo, os participantes tiveram bastantes oportunidades para brincar.
O participante Norte-Americano Greg Thomas fez alguns elogios ao Freelander: “Fiquei surpreendido com a sua boa condução. Podem-se fazer curvas bastante apertadas e, no gelo, iria começar a derrapar. Mas, assim que se deixa de acelerar, ganha-se logo tracção, novamente.”

Apesar de tudo, os críticos não estavam convencidos que um SUV pudesse responder às exigências do desafio. Talvez os organizadores também não estivessem, já que cada equipa dispunha de um Land Rover Defender 110, carregado com todo o equipamento necessário, incluindo canoas, bicicletas, esquis, pranchas de snowboard e sapatos para a neve.
Novamente, nesta edição cada equipa teve a liberdade de explorar livremente o território e escolher a sua rota. A sua única obrigação era passar pelos quatro pontos predefinidos entre Santiago, no Chile, e Ushuaia, na Argentina. A distância percorrida foi a maior até à data, entre 5000 e 8000 km.
Entre cada um dos quatro pontos de controlo obrigatórios, cada equipa tentou escolher o melhor percurso que os levaria ao maior número de locais de “Descoberta” ou “Aventura”. Os mais de 200 locais de “Descoberta” foram escolhidos pela sua relevância cultural ou ambiental, estando incluídos locais de interesse turístico, como a casa de Butch Cassidy. Todos estes locais tinham a mesma pontuação e eram acedidos com o Land Rover Freelander. De cada local de “Descoberta”, as equipas podiam depois alcançar os locais de “Aventura”, através de uma das modalidades desportivas. A pontuação era correspondente à dificuldade para o alcançar.

No final da primeira etapa, com a equipa Americana a liderar a competição, 140 membros da caravana Camel Trophy subiram 2800 metros até ao topo do vulcão Villerica, um dos mais activos da região. Aí, foram recompensados com uma vista magnífica dos Andes e do caldeirão de lava a ferver, na cratera do vulcão.
Apesar das alterações introduzidas na competição, ainda se conseguiram encontrar algumas semelhanças com o Camel Trophy tradicional. No dia seguinte à saída de Futaleufu, a equipa Portuguesa percorria uns trilhos com lama, quando o seu Defender de apoio ficou atascado. Mas os contratempos não se ficaram por aqui, já que terminaram o dia com o seu Freelander a ser resgatado da lama, com a ajuda da equipa de apoio, no seu Land Rover Defender.
A equipa Norte-Americana também confirmou que, surpreendentemente, foram os Defender que necessitaram mais vezes de apoio (talvez devido ao peso do equipamento transportado).
As imagens de resgate das viaturas, exactamente como acontecia nas edições anteriores, ajudaram a reviver o espírito Camel Trophy.
O Freelander conseguiu provar a convicção da Land Rover, de que era um veículo adequado para o evento. Era rápido, ágil e navegava ao longo dos trilhos de neve com uma facilidade que não conseguia ser copiada pelo Defender de apoio. Na lama, a situação era semelhante. Em defesa do Defender, pode-se argumentar que este ia carregado com equipamento que nunca poderia ser transportado pelo Freelander.
No meio de tanto equipamento, a equipa Norte-Americana perdeu algumas malas transportadas na grade de tejadilho do seu Defender de apoio, contendo comida, vestuário e uma grande quantia em dinheiro.
A cerimónia oficial de encerramento teve lugar na costa de Ushuaia, a cidade mais a Sul do planeta, onde foi atribuído o prémio Land Rover (distinguindo quem visitasse o maior número de locais “Descoberta”) à primeira equipa exclusivamente feminina, constituída pelas Espanholas Emma Roca e Patricia Molina.
Resumo da edição
Veículos dos participantes: Land Rover Freelander XEDi
Veículos de apoio: Land Rover Defender 110 Tdi
Distância percorrida: entre 5000km e 8000km – sem rota predefinida
Equipas:
África do Sul – Mark Collins / John Collins (Team Spirit Award)
Alemanha – Peter Weiland / Elena Boggemeyer
Argentina – Victor Bozic / Nico Bottinelli
Áustria – Kristina Gruss / Rupert Riedl
Dinamarca/Noruega – Soren Brahe / Anne Marit Lia
Espanha – Patricia Molina / Emma Roca (Land Rover Award)
E.U.A. – Dean Vergillo / Greg Thomas
Finlândia/Suécia – Fredrik Pettersen / Maarit Jarvilehto
França – William Michael / Marc Challamel (vencedores Camel Trophy)
Grécia – Stefanos Kabarakis / Zois Panos
Holanda – Rob Visser / Joost Standt
Ilhas Canárias – Jose Hernandez / Alvaro de Orleans
Itália – Fabrizio Pistoni / Michelangelo Oprandi
Japão – Yoshio Ikemachi / Yoshihito Nakano
Portugal – Pedro Maia / Gonçalo Vidal da Gama
Reino Unido – Martin Hansford / Andy Watkins
Roménia – Aron Gorog / Zoltan Bartha
Rússia – Konstantin Agevnin / Igor Baronos
Suíça – Hanspeter Rieder / Frederic Kholi
Turquia – Mehmet Memo Gurs / Kutlu Torunlar
(conteúdo baseado em dados fornecidos por: Camel Trophy Owners Club)