1981 – Sumatra

Mapa do percurso

Depois do sucesso do primeiro Camel Trophy, foram bastantes as inscrições para esta segunda edição. A nacionalidade dos participantes manteve-se, continuando a ser, apenas, Alemães a participar. No entanto, devido ao elevado interesse demonstrado pelo público, as equipas aumentaram para 5, mantendo-se 2 elementos por equipa. Outras novidades foram a participação de uma equipa exclusivamente feminina e a utilização, pela primeira vez, de veículos Land Rover, dando assim os primeiros passos em direcção a uma parceria que iria durar quase 2 décadas.
A rota escolhida levaria o Camel Trophy à ilha Indonésia de Sumatra, devendo partir de Medan, a Norte, até chegar a Jambi, no Sul, totalizando 1600km. Pelo caminho, iriam atravessar o Equador.

Para enfrentar as dificuldades do terreno e da floresta equatorial, a organização escolheu o Range Rover como viatura a utilizar, tanto pelos participantes como pelas equipas de apoio.

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Apesar de disporem de veículos robustos e fiáveis para os ajudar a ultrapassar os obstáculos encontrados pelo caminho, foram apresentados aos participantes outros problemas e dificuldades, nomeadamente a mudança radical do clima, provocada pelos diferentes tipos de terreno atravessado. Tendo começado a viagem nas, relativamente, frescas montanhas vulcânicas do Norte, a comitiva iria depois seguir em direcção aos pântanos equatoriais do Sul. As diferenças de humidade e temperatura eram tão extremas, que esgotaram a energia e força dos participantes.

No dia 9 de Abril, em Berastegui, deu-se início à edição de 1981. Apenas duas horas depois da partida, era encontrada a primeira dificuldade: em Kabanhaje houve um “contratempo burocrático”, devido ao facto do comandante da região desconhecer os objectivos do grupo. Ficaram, assim, retidos e coube a Andreas Bender (líder da expedição) e a David (o tradutor, apelidado de King Kong) negociarem durante 4 horas em casa do comandante, mas sem sucesso.

Os soldados cercam a caravana e não deixam ninguém sair. Só à tarde, e depois de uma “explicação financeira”, são autorizados a seguir viagem. Esta situação permitiu aos participantes aprendem uma importante lição: quanto mais dinheiro se entrega, menos tempo se perde!
 Era necessário recuperar o tempo perdido. Enquanto percorrem um caminho não utilizado há mais de 20 anos, os buracos de meio metro de profundidade sucedem-se, castigando ao máximo os eixos e suspensões dos Range Rover.

Um dos cruzamentos de margem

Às duas da manhã chegam ao seu primeiro destino. Apesar de exaustos, recusam comer carne de cão e descobrem que as suas camas são as próprias mesas onde lhes seria servida a comida.

O segundo dia foi iniciado com optimismo e 20km de pista boa. Mas isso iria terminar, quando de repente a pista acaba e são obrigados a voltar para trás. No ano anterior, Andreas Bender e David tinham feito esse mesmo caminho, impossível, agora, de prosseguir. Seguem por uma alternativa, cheia de plantas carnívoras. A equipa feminina atasca num buraco de lama, e demoram 1 hora para saírem daquela situação, mesmo com a ajuda dos restantes participantes. Finalmente, voltam a percorrer a pista, mas esta encontra-se muito escorregadia.

A lama, sempre presente

No dia seguinte têm de cruzar um rio, percorrendo 500 metros contra a corrente. Apesar das dificuldades, todos conseguem atravessar para a margem oposta, onde os caminhos são melhores. No entanto, têm de ter cuidado com os viajantes que encontram pelo caminho. Ao ultrapassar um ciclista, a viatura do médico despista-se, ficando com uma das rodas sobre um precipício de 15 metros. Dava-se início a mais uma operação de resgate em conjunto.
 Durante o caminho, é necessário atravessar muitas pontes. Mas muitas delas precisavam de ser reparadas previamente, demorando-se muito tempo a tentar atravessar em segurança todos os veículos, apoiados apenas pelos faróis dos Range Rover e por lanternas. As paragens demoradas provocam stress e nervos entre os participantes e as luzes utilizadas atraem toda a espécie de bichos e mosquitos. A organização escolheu diversas pontes destruídas para executar as provas especiais, superadas por todas as equipas com uma enorme frieza, já que o mínimo erro faria com que a sua viatura caísse ao rio. Entre outras provas de difícil execução, foi necessário atravessar uma grande extensão de lama, onde serviu de pouco a óptima capacidade todo-o-terreno das viaturas. A lama chegava à altura dos vidros e era necessário recorrer aos guinchos para sair daquela situação.

Numa das jornadas, foi necessário subir uma rampa para o ferry. Situação duplamente árdua, já que a rampa está coberta de lama e o ferry é apenas um conjunto de troncos atados entre si, com um motor numa ponta. A recompensa por um trabalho bem executado é a paisagem oferecida aos participantes, da qual fazem parte as cores dos campos de cultivo e o pôr-do-sol.

Noutra noite, tiveram de enfrentar um dilúvio, que fez subir 1 metro a água do rio, em apenas 15 minutos. Além disso, o ferry que os transportaria para a outra margem não funcionava.

Ao procurar caminhos alternativos, encontram uma ponte, que não devia ser utilizada por veículos há 25 anos. Para a atravessarem, têm de colocar troncos para impedir que as viaturas caiam. Toda esta operação demorou bastante tempo e foi executada com um calor sufocante. Durante as jornadas seguintes, devido ao calor intenso, os participantes são confrontados com a opção de manter os vidros fechados e (tentar) aguentar a temperatura no interior das viaturas, ou abrir os vidros e deixar entrar os mosquitos que os irão atacar.

Durante o caminho, encontram um camião e um autocarro, atascados no meio do caminho. Tiveram de convencer os passageiros a abandonar o autocarro, para tornar a recuperação mais fácil, mas eles não estavam muito cooperantes, com medo de perderem o seu lugar. Depois de os conseguirem convencer, foram necessários 3 Range Rover para libertar as viaturas.

Os participantes cruzam o Equador e alguns deles recebem o ritual de baptismo. O caminho torna-se mais fácil e, finalmente, chegam ao final da viagem.

Apesar das dificuldades e contratempos, a expedição voltou a ser um sucesso, o que leva os organizadores a pensarem na hipótese de aceitarem inscrições de outros países.

Resumo da edição

Veículos dos participantes: Range Rover V8 a gasolina (3 portas)

Veículos de apoio: Range Rover V8 a gasolina (3 portas)

Distância percorrida: 1600km

Equipas:

Alemanha – Christian Swoboda / Knuth Mentel (vencedores)
Alemanha – Norbert Sudmann / Focke Hofmann
Alemanha – Hans Horst Fischer / Wolfgang Bays
Alemanha – Klaus J Beye / Hartwig Thees
Alemanha – Karin Stoppa / Anneliese Valldorf

(conteúdo baseado em dados fornecidos por: Camel Trophy Owners Club e CamelTrophy.es)

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